Não sei se
Não sei se...
Não sei se deixo rolar
As canções que partem
Da minha alma
Num tempo dos carrosséis da vida!
É o vaso na janela
Flores ao derredor
É o vento...
Que canta em sussurro
Desfolhando
As páginas do meu diário!
É o balanço das plantas
Ou o canto dos pica-paus
É a pluma que cai de mansinho
Na minha caixa de música das saudades!
Respiro forte
O néctar das flores no meu jardim...
Vejo nuvens que correm
Em desalinho
Pelos céus que sempre foram...azuis
Deixo meus dedos
Rolarem pela grama verde
Dedilhando no teclado de piano
Surdinas musicais
É a lua que adormece...
É o sol que acorda...
Num recanto guardado da minha saudade!
Quando uma coleção de porcelanas antigas
Lembram-me os chás nas toalhas de linha branco
Acobertadas das iguarias, receitas europeias
Ah! Quanta saudade dos meus tempos de criança... crescida
Hoje só lembranças...lembranças...
Vera De Barcellos
(Na juventude o canto eterno das recordações da meninice)